Quando decidimos vir para a Bolívia eu estava com minha vida estabilizada no Brasil. Havia superado uma difícil fase financeira e já estava totalmente estruturado materialmente. Morava em uma boa casa, tinha um excelente emprego e, apesar das dificuldades geradas pelo poder que tinha nas mãos, a vida seguia bem. Tão bem que decidimos que chegava a hora de retribuir um pouco do muito que minha esposa já havia me apoiado. Seu sonho era estudar Medicina!

Pesquisamos, fizemos contas e em uma das palestras que realizava pelo interior do Brasil, encontrei um jovem que estudava Medicina aqui na Bolívia. Tudo aconteceu de forma tão natural e prática que não hesitamos: ela partiu para cá com o planejamento de no segundo semestre enviar minha filha mais velha e depois de um ano, já com tudo devidamente organizado, eu viria com minha filha mais nova.

Ao chegar aqui tudo mudou... Ela não conseguia resolver coisas simples, as pessoas que a receberam passavam por um grave quadro espiritual e para completar, a documentação para legalizar-se no país era muito burocrática e as informações desencontradas e imprecisas.

Após dois meses a ouvindo chorar no telefone, querendo já desistir e se arrependendo, eu tomei a decisão de largar tudo e vir imediatamente para cá! Eu tinha que apoiar verdadeiramente quem sempre esteve ao meu lado em tantas dificuldades vividas.

Cheguei aqui com a herança de guerreiro ativada no sangue! Mas... nada adiantou. Fui perdendo tudo, embaraçado na desorganização pública, corrupção e falta de informação e outros males que assolavam principalmente os brasileiros aqui.

No meio do maior turbilhão de minha vida nasceu o Exílio do Jaguar. Única forma de manter-me ligado à fé que me sustentava. Não tinha apoio real de ninguém. Nem de irmãos de Doutrina e nem mesmo conseguia chegar ao distante Templo de Santa Cruz.

Morávamos em uma quitinete de fundos, andava quilômetros a pé em busca de pequenos serviços para sustentar a família... Fiz instalações elétricas, consertei computadores, dei aulas de matemática, e até a fossa de nosso pequeno condomínio eu limpei para poder ajudar a descontar no aluguel.

Não havia mais nem sombra do poderoso diretor de TV em que havia me transformado antes. Era a missão no Exílio do Jaguar que me sustentava. Era a energia de vocês, que me escreviam contando seus problemas, suas dificuldades, suas dúvidas, que não me permitia chorar. Eu via que muitos de meus irmãos passavam por suas dores e que confiavam em minha palavra amiga, em meu abraço fraterno, em minhas orações... e sequer suspeitavam que do outro lado estava alguém vivendo as mesmas dores humanas.

No dia em que gastei minha última moeda, em que pensava em quanto poderia vender a pequena tv de 14” que tínhamos, para comer no dia seguinte, senti claramente “alguém” dizendo: “e agora? Não vai se revoltar? Chutar o pau da barraca? Cadê sua Doutrina, seus Mentores, seus irmãos?”  e outras coisas impublicáveis. Com estes pensamentos invadindo minha mente de maneira quase indominável, eu cheguei em casa e liguei o computador. Mergulhei naquele que era meu mundo, respondendo a vocês e escrevendo textos doutrinários para toda a semana. Senti claramente a presença de Pai João que projetava em minha mente “filho, nada irá lhe faltar, venceste a ti mesmo e agora poderá seguir adiante”.

A noite recebi uma chamada que um dinheiro absolutamente inesperado estava a minha espera...

(continua amanhã) – Como mudei minha vida. O segredo do Exilado e mais detalhes de como é possível mudar por completo, mesmo frente as mais terríveis adversidades.

* Na foto nossa primeira Turma de Centúria (Templo Anavo do Amanhecer de Cochabamba - Bolívia)


Kazagrande

4 Comentários

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  1. Poder seguir a diante é tudo que precisamos.Salve Deus!

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  2. Salve Deus Mano velho Kazagrande que o Mestre Jesus sempes esteja em nossos pensamentos e açoes.. para podermos ser tudo aquili que um dia juramos a ele ao retornar-mos a este planeta escola.. Ser o Homem Jaguar desbravador o Homem luz em cristo
    Salve Deus !

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  3. Salve Deus!
    Perdi o número de vezes que ao amanhecer a única força que me restava estava em abrir o e-mail e ler O EXÍLIO DO JAGUAR onde eu sabia que lá estava "a mensagem" que com certeza me faria seguir adiante...

    Salve Deus.

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