Adergildo já saia de casa pensando nos “problemas” que iria enfrentar no Templo.

Sem dúvidas ele tinha muito amor pela Doutrina, embora não tivesse compreendido sua essência em seus quinze anos de caminhada.

Observava os novatos em suas falhas e não deixava passar nada! Estava sempre chamando a atenção e procurando corrigir qual coisa que considerasse mal feito. Seu olhar de repreensão estava sempre presente e nada escapava de sua reprovação.

Claro que sua intenção era a melhor possível! Em sua cabeça passava apenas a necessidade de que tudo estivesse perfeito e nenhuma falha comprometesse os trabalhos.

Angariava assim uma legião de desafetos... Com o tempo, nenhuma Ninfa aceitava seu convite para ir aos Tronos e muitos fugiam de trabalhos sob seu comando.

Estava sempre policiando qualquer arrecadação da lojinha e da lanchonete, mesmo isso não fazendo parte de suas atribuições. Cada vez que contribuía com algo, fazia questão de falar aos quatro ventos, trazendo desconforto para os que não podiam contribuir e constrangimento para os que trabalhavam na manutenção material do Templo.

Espiritualmente as vibrações assolavam sua vida. Era objeto de intermináveis conversas onde o tema central sempre estava associado a sua maneira áspera e intolerante.

Sua vida não mudava. As características de rispidez e mesquinharia eram sempre potencializadas pelas vibrações que angariava.

Certa vez aproveitou uma Ninfa que ainda não tinha sido “avisada” de seu caráter e seguiu para os Tronos.

Após ensinar a posição que acreditava ser a correta para mãos, como ela deveria mentalizar o Mentor e ainda dizer exatamente como deveria se sentar nos Tronos, o fez o convite. Embora ainda emplacada e participando de seus primeiros trabalhos, a jovem tinha uma sintonia incrível com seus Mentores e permitia, em sua pureza, que as mensagens fluíssem sem qualquer interferência.

- Salve Deus! Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, quem se encontra no aparelho?

- Salve Deus, meu filho, em Cristo Jesus, quem se faz presente é Vovó Cambina de Aruanda.

Então começou a desfilar seu rosário de reclamações, esquecendo que uma das coisas que mais reclamava era dos médiuns que partiam para consulta pessoal antes de atender os pacientes.

Reclamou do Adjunto que não olhava o comportamento dos médiuns, da lojinha que poderia arrecadar muito mais se fizesse do jeito que ele indicava, da lanchonete que vendia tudo barato demais e só dava trabalho. E foi falando de médium por médium, aumentando a voz quando citava um nome, talvez na esperança que fosse escutado.

Pacientemente Vovó Cambina ouviu tudo. Não podia interromper nem mesmo para uma saudação, pois a metralhadora de reclamações era incansável.

Quando começaram a lhe faltar assuntos, depois de um bom tempo, a Vovó pode se manifestar:

- Meu filho, você é acima de tudo responsável pela sua missão. Como está sua missão? Tem trabalhando bastante, encaminhado muitos espíritos?

- Ah Vovó, estas Ninfas são muito preguiçosas. Cada vez que chamo sempre preferem ir tomar café ou comer. Vão ficar todas gordas.

E já ia começar a desfilar outra resenha de reclamações, mas desta vez a Vovó foi firme:

- É preciso, meu filho, que observe primeiro o seu comportamento antes de julgar os outros. Já parou para pensar nos motivos? O que está fazendo, que coloca elas pra correr?

- Eu faço tudo certo e só quero que façam também!

- Mas meu filho, sua missão precisa ser cumprida! Afastar os irmãos pelo julgamento e pelas cobranças também lhe afasta do cumprimento da missão, onde a tolerância faz parte do aprendizado. Sei do amor em seu coração, mas a personalidade precisa evoluir! Rever os conceitos em favor do cumprimento da missão que lhe foi confiada. Neiva sempre afirmou que veio para ensinar e não corrigir. Você não é o responsável por qualquer falha na instrução, mas é responsável por qualquer vibração que semeia. E cada dia mais elas se acumulam prejudicando sua caminhada.

- Eu sabia! Ficam vibrando em mim porque quero as coisas certas.

- Não meu filho! Ficam vibrando pela maneira como você se conduz. Recorde as palavras de Humarran: Raciocínio sem aspereza; sentimento sem preguiça, caridade sem pretensão; conhecimento sem vaidade; cooperação sem exigência; devotamento sem apelo; dignidade sem orgulho; firmeza sem petulância; respeito sem bajulice.

O mestre começou a chorar.

- Não chore meu filho! O julgamento é um reajuste muito duro e o único juiz deve ser o juiz de si mesmo. Vamos trabalhar agora!

Neste dia, inúmeros pacientes, entre os quais alguns médiuns, foram atendidos naquele Trono. Então ele pode ouvir os dramas vividos por vários que julgava e pode compreender parte dos “porquês” de cada um.

Durante um bom tempo não o ouvimos mais reclamar e, ainda com bastante insistência, passou a conseguir oportunidades de trabalho nos Tronos. Ele só precisava de um pouco de amor!!!


Kazagrande

3 Comentários

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  1. A espiritualidade é sublime! Vamos nos permitir o aprendizado que nos é disponibilizado a cada minuto... Salve Deus!

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  2. Vamos nos vigiar mais. E tomarmos muito cuidado ⚠ com os julgamentos meus irmãos. Salve Deus!

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