As pessoas que procuram o Templo do Amanhecer são, na maioria, enredadas nas teias de seus Karmas. Apesar do mecanismo natural de reajuste permanente, elas acumulam cargas negativas e chegam ao ponto de não entenderem mais suas próprias vidas. Chegam, então, com a angústia em fase aguda e esse estado se apresenta com os sintomas mais variados.

        Graças a Deus, o pronto-socorro do Vale do Amanhecer tem capacidade para aliviá-los de pronto e de lhes dar o relaxamento nervoso e a tranqüilidade necessários para acharem o fio da meada. Assim, aliviadas, elas passam a freqüentar nossos trabalhos e, aos poucos, vão compreendendo as razões que as levam àquele estado.

        A maior parte delas prossegue nas suas vidas, com maior ou menor sucesso, dependendo dos seus talentos ou da vontade de viver. Algumas, porém, recebem a advertência de que precisam trabalhar espiritualmente.

        Isto significa que suas faixas KÁRMICAs apresentam probabilidades de acontecimentos trágicos, os quais, eventualmente, poderão ser evitados mediante o desenvolvimento de sua mediunidade potencial.

        O trabalho mediúnico, a participação como elo de uma corrente, pode, então, compensar, preventivamente, o dispêndio súbito de energia que o acontecimento programado acarretaria.

        Ingressam, pois, na vida quotidiana do Templo. As exigências são poucas: abster-se do álcool e de entorpecentes, não participar de trabalhos mediúnicos em outras correntes e freqüentar, regularmente, o Templo do Amanhecer.

        Estabelece-se, então, uma rotina, em que nada acontece de mais grave. A vida passa a ser comum, no dia-a-dia com seus altos e baixos. Eis, porém, que pequenos incidentes perturbam a vida de nosso paciente. Acostumado já com a segurança espiritual, achando que nada mais pode acontecer, considera-se injustiçado e dramatiza exageradamente os fatos. Nesse ponto, os Mentores consentem que lhe seja dito o que lhe aconteceria se ele não estivesse trabalhando espiritualmente. É o momento da revelação e, graças aos dotes  excepcionais da Clarividente, ele fica sabendo quem foi, o que fez e o que teria que lhe acontecer para que se reajustasse com suas vidas anteriores. Esses casos, contados pela própria pessoa ou pela Clarividente, têm um cunho extraordinariamente didático e, ao mesmo tempo, nos coloca em contato com as maravilhas da organização sideral, de como são bem cuidados os nossos destinos no mundo espiritual. Nesse mecanismo, o que mais chama a atenção são os arranjos, as compensações e as maneiras complexas como a Lei KÁRMICA é respeitada em seus mínimos detalhes.

- Maria do Nascimento, 45 anos, nascida em Goiás, foi um caso típico – diz Neiva -. Ela veio me consultar em 1962. Em sua companhia estavam as filhas gêmeas, Mira e Mara, de 9 anos. Ambas eram mudas, porém ouviam bem. Maria ouvira falar da UESB e vinha com esperança de conseguir a cura das meninas. Mas não era apenas o que vinha buscar, pois se considerava a criatura mais infeliz do mundo, e se lamentava a ponto de despertar a compaixão de todos nós.

- Tia Neiva, - dizia ela em tom lamuriento – estou sofrendo muito. Minha vida é só trabalhar dia e noite, e meu marido não faz outra coisa senão se embriagar e dificultar a minha vida. Tenho um bar bem montado e um armazém de cereais, por atacado. Apesar disso, estou vendo a hora de perder tudo, por culpa dele. Para agravar a situação, tenho o desgosto dessas meninas. Tenho feito tudo por elas e até consegui que elas aprendessem a ler e a escrever, apesar de sua mudez. Tia Neiva, faça alguma coisa por mim!...

        Prometi ajudá-la e anotei seus nomes, inclusive o de Joana, menina de 13 anos, que a ajudava nos afazeres domésticos. Elas moravam numa cidade próxima a Goiânia, e lhe pedi que voltasse daí a alguns dias. De antemão, porém, fui lhe dizendo que ela tinha muita mediunidade e que precisava trabalhar espiritualmente. Ela me pediu que lhe indicasse algum lugar na sua cidade ou, no máximo, em Goiânia, para fazer o desenvolvimento, pois sendo comerciante ficava difícil se afastar de seus negócios. Prometi-lhe que olharia isso também, e ela se foi com as gêmeas. Logo que ela saiu, Mãe Neném e Jalico, impressionados com os lamentos dela, me procuraram para saber o que havia. Sentamo-nos em baixo do pequizeiro, a maior árvore que havia na UESB, e Mãe Etelvina começou a me mostrar o quadro de Maria, que eu ia descrevendo para Mãe Neném, Jalico e outros que se juntaram na roda.

Tudo se passou numa cidade pequena, no interior de Minas Gerais, há cerca de 60 anos. Nesse lugar havia um fazendeiro rico e respeitado, chamado Júlio Ferreira. Sua mulher se chamava Penha, e tinham um único filho, de nome Odilon.

Júlio nascera e se criara naquela região, conseguindo sua fortuna à custa de muito suor e sofrimentos. Embora o casal estivesse na casa dos 50 anos, eram muito envelhecidos devido ao desgaste da vida que levavam.

Odilon, rapaz ajuizado e trabalhador, era o esteio da sua velhice e, também muito respeitado por todos. Casara-se com uma moça da região, de nome Maria, e seu único desgosto era o de ainda não terem filhos. Odilon nascera e se criara na fazenda, com profundo conhecimento da vida rural e da criação de gado. Embora tivessem uma casa na cidade, ele passava a maior parte do tempo da fazenda ou em viagens para negociar gado. Gostava de passar o fim de semana na cidade, onde se reunia com os amigos, rapazes nascidos e criados, junto com ele, na região.

Como em toda cidade pequena, todo mundo sabe o que se passa e qualquer alteração é logo notada. Naquele final de semana, o comentário foi a chegada à cidade de uma bonita moça, chamada Efigênia. Sua chegada chamara a atenção não somente por sua beleza, mas, também, pelo fato de ter ido à procura de uma família que já se mudara de lá havia algum tempo. A moça não dera grande importância a isso, e se hospedou na pensão do seu Hilário, um velho viúvo que tinha um único braço.

Aparentemente, ela chegara para ficar, e estava indecisa quanto ao rumo que tomaria. Começaram as especulações em torno dela, principalmente entre os rapazes, e os mais afoitos buscavam formas de se chegarem à misteriosa viajante.

Odilon ouviu, divertido, os comentários feitos por seus amigos, mas não deu maior atenção ao assunto. Não era dado a aventuras com mulheres, e vivia satisfeito com sua esposa, simples e dedicada.

Mas, o destino tem suas armações! Naquele mesmo dia, Odilon foi se encontrar com um homem de negócios que se hospedara na pensão do seu Hilário e, ali, encontrou-se casualmente com Efigênia. De imediato, foram envolvidos por forte atração, um laço sentimental que mudou o destino de ambos. Embora a afeição fosse sincera, Efigênia não resistiu à tentação de se apoderar da riqueza daquela família e, em pouco tempo, através de Odilon, conseguiu desbaratar tudo. Quando Efigênia viu que nada mais havia para se aproveitar, abandonou Odilon e se mudou para uma cidade grande.

Inexperiente e reduzido à miséria, Odilon, em pouco tempo, transformou-se num alcoólatra e jogador. Separou-se da mulher e dos pais, passando a viver de pequenos expedientes que sua antiga reputação ainda lhe proporcionava. Tentou recuperar-se no jogo, mas acabou por perder o pouco que lhe restara de sua antiga fortuna. Sem ter onde ficar, abatido e sofrido, ele procurou sua família. Sua mãe e sua esposa o aceitaram de volta, porém sem o mesmo afeto de antes. O tempo todo escarneciam de sua situação e amaldiçoavam Efigênia pelo mal que lhes causara. Para agravar a situação, a esposa de Odilon, Maria, ficou grávida, mas perdeu a criança e morreu no parto frustrado.

E assim foram desencarnando, um a um, todos os membros daquela família em triste faixa KÁRMICA. Efigênia casou-se e viveu muito bem durante alguns anos. Agora, todos estão aqui para o reajuste!

A antiga Efigênia chama-se, agora, Maria do Nascimento, e suas duas mudas – Mira e Mara – eram Penha e Maria, mãe e esposa do desventurado Odilon. Na verdade, estas duas mulheres não tinham um Karma pesado, pois haviam sofrido muito com os desmandos de Odilon e Efigênia. Vieram mudas como único ressarcimento pelo muito que haviam amaldiçoado Efigênia. Quem mais sofria com a mudez das gêmeas era sua mãe, Maria, cujo atual marido, o alcoólatra de quem era tanto se queixava, era o mesmo espírito que fora seu marido, quando ela era Efigênia. Era um espírito bom e sua atitude atual era efeito da falta de sintonia com Maria, devido à atual faixa KÁRMICA dela.

Dias depois, Maria voltou com as filhas. Chamei Jalico e Mãe Neném e, na presença deles, contei a Maria sua estória passada. Ela me ouviu cabisbaixa e me perguntou o que deveria fazer. Aconselhei-a a desenvolver sua mediunidade em um centro espírita de Goiânia e que aguardasse, com paciência, que seu Karma passasse ou fosse amenizado.

Quanto às gêmeas mudas, disse-lhe que não teriam cura. Ela me perguntou se seu atual marido havia sido Odilon, e eu lhe disse que não. Mas adverti que tanto Odilon como o pai dele estavam reencarnados e que ainda iriam entrar em sua vida, para o reajuste. Se ela estivesse trabalhando espiritualmente, esse reajuste seria menos doloroso.

Desde esse dia, perdi o contato com Maria. A UESB foi extinta, e nos mudamos para Taguatinga.

Em 1967, ela me apareceu, na maior das aflições. Contou-me que havia se mudado para uma cidade próxima, mas não prosseguira seu trabalho espiritual devido à maior distância de Goiânia. Continuara com o bar e aplicara todo seu capital na criação de porcos.

Dias antes de seu encontro comigo, ela se preparara para comemorar o aniversário das gêmeas, tendo até reservado uma porquinha para ser servida na festa. Foi quando apareceram dois homens que haviam parado o caminhão em seu bar, e falaram que estavam à procura de gado e porcos para comprar. Com a cobiça despertada pela conversa, Maria entrou em negociação com eles e, diante de vantajosa oferta, vendeu-lhes todos os porcos que possuía, inclusive, até, a porquinha que reservara para a festa das filhas. Como era uma sexta-feira, os homens preencheram um vultoso cheque para ser recebido na segunda-feira, cobrindo toda a compra. Carregaram o caminhão com os porcos e partiram.

Logo que o banco abriu, na segunda-feira, Maria foi descontar o cheque e, para seu desespero, não havia fundos para o pagamento. Mobilizou a polícia e alguns amigos, mas nada conseguiu. Homens, caminhão e porcos haviam desaparecido, sem deixar qualquer rastro. Com o passar dos dias, sem ter como satisfazer suas dívidas, foi apertada pelos credores do bar, a freguesia se afastou, e Maria se viu na miséria, sem ter sequer um pão em sua mesa. Estava feito o reajuste: as compradores dos porcos eram os antigos Odilon e seu pai!

Atualmente, ela vive com grandes dificuldades mas, ao que sei, as meninas estão sadias. Maria resolveu se mudar para Goiânia, onde explora um pequeno bar, de onde tira seu sustento. Bom é que ela está também trabalhando espiritualmente.

Sob os Olhos da Clarividente

2 Comentários

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  1. Conheci o vale do amanhecer num momento difícil de minha caminhada e fui muito bem acolhido, hoje sou jaguar. Mesmo assim há fatos dentro da doutrina que nos entetesse muito, mas não me cabe julgar o merito da questão e sim ajudar compreender que a lei de causa e efeito reflete melhor a conduta de cada um dos filhos do Pai.

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  2. Salve Deus!
    Mestre, graças a Deus eu conheci o vale por intermédio de um amigo e sou grata por isto. Infelismente hoje ele não esta na doutrina, mas agradeço a Deus e a ele por hoje eu ser uma filha de Seta Branca o Siniromba de Deus.
    Abraço.
    Eliana

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