Para a Confraternização das Filhas e Filhos Adotivos de Koatay 108 em 12/12/2010.

Meus irmãos e irmãs. Saudade é uma palavra muito pequena para traduzir o sentimento que me invade nesta época do ano em especial!

As recordações são tantas, e tão boas, que se desordenam na mente ao provocar as lágrimas da emoção.

Lembrar do Orfanato traz de volta o som das crianças correndo, dos sorrisos nas travessuras, do Pai Nosso nas refeições, das lágrimas no dia do encerramento daquela missão.

Falo encerramento, pois eu não poderia afirmar que o Orfanato fechou! Ele insiste em se manter aberto em nosso coração, como a lembrança da expressão viva de um lar de acolhimento e segurança.

Se mantém vivo pela insistência daqueles que consideram que uma missão não pode ser “fechada”. Tia Lúcia e a Vó do Bordados não desistem! Todos os anos nos reúnem aqui em uma celebração da vitória, de mais um ano em nossas vidas, sem romper o fraterno laço que nos uniu nesta passagem terrena.

Este é o primeiro ano sem o “Tio Capitão”...

Sem sua voz de comando a nos guiar, ensinar, e orientar, com firmeza e carinho, os passos que necessitavam de sua segurança!

Aos mais velhos, que tiveram a oportunidade com sua convivência marcante, fica o compromisso de ter na mente as preciosas lições de disciplina, respeito e organização recebidas.

Aos mais jovens, que começam a se espelhar em seu exemplo, cabe dizer que ficamos um pouco mais velhos... Temos que amadurecer na marra, e saber que não podemos decepcionar quem sempre acreditou em nós!

Tenho certeza que muitos ainda escutam sua voz dizendo “vamos, vamos, vamos!”, nos dando a segurança de que não devemos parar. Temos que cumprir com o quê nos comprometemos.

Resta ainda dizer que não há dúvidas: O céu vai ficar muito mais organizado com ele por lá!

Saudades,

Kazagrande
12/12/2010

6 Comentários

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  1. Kazagrande, meu Mestre, sabe que não gosto que use o termo "EXILADO"?
    Voce está no meu coração, e no coração de muitoooos Mestres e Ninfas deste Amanhecer.
    Voce é um Espirito LIVRE, e como tal não está Exilado.
    Desculpe-me mas não nos conhecemos, mas isso não importa, pois tenho pelo Mestre um grande carinho. Por si e pela sua familia.
    Um abraço e que nesta data Pai Seta Branca, o Grande Cavaleiro da Lança Branca, vos dê tudo o que mais desejam.
    Festas Felizes

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  2. Meu irmão,
    Pai João também já me disse para nao se sentir exilado... Disse que estou em missão especial, mas cadê que eu aprendo? rsrsrs

    Na verdade, do sentimento inicial de "exílio", que um dia existiu, só resta o nome do blog! Pois com vocês, todos os dias participando de minha pequena jornada, tenho que afirmar que sou o mais acolhido dos Jaguares, sendo impossível qualquer sentimento de exílio.

    Há uma recíproca a sua amizade, e fraterno sentimento de carinho e respeito!

    Um fraterno abraço,
    Kazagrande

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  4. ORFANATO

    Tudo começou com um orfanato…
    Mas um orfanato diferente, pois ninguém podia ser chamado de órfão, Tia não permitia! A exceção era o Zé Órfão, que já havia chegado com o apelido. Esta frase retirada dos escritos do Seu Mário (saudoso Trino Tumuchy) continuou sendo levada muito a sério, mesmo depois do desencarne de Tia.

    O encarregado do Orfanato, cheio de crianças com pais e mães vivos também, era seu filho Raul. “Tio” Raul como era carinhosamente chamado. Tio Raul levou adiante a missão do Lar de Mãe Tildes com muita dedicação. Amando e ensinando a amar. Certa vez, em um dos momentos de stress, que ocorriam volta e meia por conta das peraltices, ele disse: Eu amo todos vocês! Da mesma forma, mas não vou me apegar a nenhum para não ter que sofrer depois. E realmente ele amava a cada um! Cada vez que ele recebia uma queixa a primeira atitude era apaziguar, defender “o filho” e até comprar a briga! A bronca era só depois de tudo “ajeitado”.

    Tio Raul era amado e respeitado, sua presença sempre trazia a segurança que precisávamos. Ele sempre se referia aos “meus meninos” não importava se era o “Sigúia” com 2 anos ou eu já com mais de 20. Ele ensinava que aquele lugar não era um depósito de gente... era a CASA daquelas crianças e elas tinham quem ser tratadas como crianças e donas da casa. Podiam sair e voltar! O regime inverso das severas disciplinas normalmente impingidas aos orfanatos tradicionais, somente ali poderia dar certo! Sob as bênçãos de Mãe Tildes e Vozinha Marilú.

    O orfanato foi a primeira missão e grande escola de Tia Neiva!

    Essa missão permaneceu até 1994, quando seu filho Beto, então presidente da Oesec, decidiu fechar o Orfanato! Os motivos para tão drástica decisão foram aqueles que sempre existiram: dificuldades de manter (embora nunca tivesse faltado nada para nenhuma criança. NADA!), riscos de fiscalização da justiça, muita responsabilidade... etc. Fatores que sempre existiram quando Tia estava encarnada e que continuaram existindo pelos nove anos que Tio Raul levou a frente esta missão.

    Em 48 horas deveria entregar a chave do prédio para a presidência da Ordem! Tio Raul, sempre respeitador da hierarquia, e acima de tudo de seu irmão mais velho, com o coração partido deu a triste notícia.

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  5. Recordo como se fosse hoje a revolta de todas as crianças. Muitas se sentiam culpadas. Achavam que o orfanato estava sendo fechado por alguma peraltice cometida. Não compreendiam o motivo de tanta crueldade! Como explicar para uma criança que ela não terá mais casa? Que não terá mais a cama quentinha e a comida sempre na hora certa? Que ficará sozinha enquanto os pais lutam para tentar sobreviver, ou que será deixada com um parente que lhe chamará de “estorvo” ou “estrupício”? Como explicar para mim mesmo, que já era Mestre, que “a missão acabou!”? Aquela missão acabou? Bem... aos olhos de Tia era uma missão.... não era um prédio que deveria ser desocupado e seus incômodos moradores expulsos!

    Não vou questionar mais... Infelizmente até hoje ainda parece que foi ontem! Lembro-me da tristeza de Tia Lourdes, a “Codózinha”, era aparelho de Mãe Tildes desde a UESB na Serra do Ouro, que depois de uma semana tentando conseguiu falar com o “Beto” (já não era mais Tio Beto) e dizendo com os olhos rasos de lágrimas: “ele me disse que vai reabrir”. Nunca reabriu! E não adiantaria mesmo reabrir! Não seriam mais as crianças de Tia Neiva... Seria o Orfanato do Tio Beto ou do Tio Raul. Não seria mais a continuidade da missão deixada por Tia... Seria uma outra coisa.

    Eu junto com Reginaldo (Adjunto Abissuano) entreguei ao Tio Raul a chave do Orfanato, íamos brigar para ver que seria o último a sair... mas saímos juntos, calados, sem coragem de se olhar e nem de olhar para atrás o “prédio” vazio. O eco das crianças brincando ainda era ouvido no espaço!

    O tempo passou... Fizeram o Projeto Casa Grande, inovador, moderno, dentro da lei... Nunca consegui participar! Voltei algumas vezes, acompanhado de meu Adjunto para reuniões de presidentes... Mas o som ainda parecia estar presente. Nunca assisti uma reunião até o final, sempre saía à francesa e ouvia as gravações depois.

    Não sei se algum dia eu contei para o Tio Raul o quê passou depois que ele entrou no refeitório e deu a noticia do fechamento do orfanato. Todos vimos ele chorar quando saía. Eu era o “guarda” neste dia, os meninos olharam para mim e disseram: “Nem tente nos impedir!” Pegaram o retrato do “tio Beto”, que ficava em um quadro ao lado da prece do Pai Nosso das Crianças, e levaram para o terreno ao lado, que ainda estava sem construção e tinha um buraco no muro, lá quebraram o quadro, moeram cada pedacinho de vidro, rasgaram a foto e promoveram a única vingança que tinham nas mãos. Fizeram a única maldade que podiam fazer! Uma vingança de crianças que não entendiam ainda a maldade do mundo.

    Não sei o destino de todos daquele tempo. Alguns tornaram-se pessoas muito respeitadas e outros bandidos. Alguns eu nunca mais ouvi falar. Eu segui meu destino, casei, tenho filhas lindas. Ganhei, perdi, recomecei, uma... duas... três... e quantas mais sejam necessárias para aprender o que tenho que aprender nesta jornada e quiçá melhor servir.

    A lição do orfanato está eternizada no coração de quem por lá passou e teve um lar, e teve uma mãe: Tia Neiva, ou teve ou tio...TIO RAUL !

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  6. O Texto acima foi publicado em resposta ao comentário de que o Orfanato foi fechado por inadequaçao ao ECA... Salve Deus! Inventem outra!

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